7 de maio de 2011

PARÁBOLA DO SEMEADOR



Afluindo uma grande multidão e vindo ter com Ele gente de todas as
cidades, disse Jesus em parábola:
“Saiu o Semeador para semear a sua semente. E quando semeava, uma
parte da semente caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do Céu a
comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não
havia umidade. Outra caiu no meio dos espinhos; e com ela cresceram os
espinhos, e sufocaram-na. E a outra caiu na boa terra, e, tendo crescido,
deu fruto a cento por um. Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça.
Os seus discípulos perguntaram-lhe o que significava esta parábola.
Respondeu-lhes Jesus: A vós vos é dado conhecer os mistérios do Reino
de Deus, mas aos outros se lhes fala em parábolas, para que vendo não
vejam; e ouvindo não entendam:”
O sentido da parábola é este:
“A semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são
os que têm ouvido; então vem o Diabo e tira a Palavra dos seus corações,
para que não suceda que, crendo, sejam salvos. Os que estão sobre a pedra
são os que, depois de ouvirem, recebem a Palavra com gozo; estes não têm
raiz e crêem por algum tempo, mas na hora da provação voltam atrás. A
parte que caiu entre os espinhos, estes são os que ouviram, e, indo seu
caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas e deleites da vida e o seu
fruto não amadurece. E a que caiu na boa terra, estes são os que, tendo
ouvido a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão frutos com
perseverança.”
(Mateus, XIII, 1-9 - Marcos, IV, 1-9 - Lucas, VIII, 4-15.)
A Parábola do Semeador é a parábola das parábolas: sintetiza os
caracteres predominantes em todas as almas, ao mesmo tempo que nos

ensina a distingui-las pela boa ou má vontade com que recebem as novas
espirituais.
Pelo enredo do discurso vemos aqueles que, em face a Palavra de
Deus, são “beiras de caminho” onde passam todas as idéias grandiosas
como gentes nas estradas, sem gravarem nenhuma delas; são “pedras”
impenetráveis às novas idéias, aos conhecimentos liberais; são “espinhos”
que sufocam o crescimento de todas as verdades, como essas plantas
espinhosas que estiolam e matam os vegetais que tentam crescer, nas suas
proximidades.
Mas se assim acontece para o comum dos homens, como para a grande
parte de terra improdutiva, que faz arte do nosso mundo, também se
distingue, dentre todos, uma plêiade de espíritos de boa vontade, que
ouvem a Palavra de Deus, põem-na por obra, e, dessa semente bendita
resulta tão grande produção que se pode contar a cento por uma”.
De maneira que a “semente” é a palavra de Deus, Lei do Amor que
abrange a Religião e a Ciência, a Filosofia e a Moral, inclusive os
“Profetas” e se resume no ditame cristão: “Adora a Deus e faze o bem até
aos teus próprios inimigos.”
A Palavra de Deus, a “semente”, é uma só, quer dizer, é sempre a
mesma que tem sido apregoada em toda arte, desde que o homem se achou
em condições de recebê-la. E se ela não atua com a mesma eficácia em
todos, deriva esse fato da variedade e da desigualdade de espíritos que
existem na Terra; uns mais adiantados, outros mais atrasados; uns
propensos ao bem, à caridade, à liberalidade, à fraternidade; outros
propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho, apegados aos bens terrenos, às
diversões passageiras.
A terra que recebe as sementes, representa o estado intelectual e moral
de cada um: “beira do caminho, pedregal, espinhal e terra boa”.
Acresce ainda que nem todos os pregoeiros da Palavra a apregoam tal
como ela é, em sua simplicidade e despida de formas enganosas. Uns
revestem-na de tantos mistérios, de tantos dogmas, de tanta retórica;

ornam-na com tantas flores que, embora a “palavra permaneça”, fica
obscurecida, enclausurada na forma, sem que se lhe possa ver o fundo, o
âmago, a essência!
Muitos a pregam por interesse, como o “mercenário que semeia”;
outros por vangloria, e, grande parte, por egoísmo.
Nestes casos não dissipam as trevas, mas aumentam-nas; não
abrandam corações, mas endurece-os; não anunciam a Palavra, mas dela
fazem um instrumento para receber ouro ou glórias.
Para pregar e ouvir a Palavra, é preciso que não a rebaixemos, mas a
coloquemos acima de nós mesmos; porque aquele que despreza a Palavra,
anunciando-a ou ouvindo-a, despreza o seu Instituidor, e, como disse Ele:
“Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue;
a Palavra que falei, esta o julgará no último dia: Sermo, quem locutus sum,
ille judicabit eum in novíssimo dia.” (João, XII, 48.)
Que belíssimo quadro apresenta-se às nossas vistas, quando, animados
pelo sentimento do bem e da nossa própria instrução espiritual, lemos,
com atenção, a Parábola do Semeador! A nossa frente desdobra-se vasto
campo, onde aparece a extraordinária Figura do Excelso Semeador, o
maior exemplificador do amor de todas as idades, e aquele monumental
Sermão ressoa aos nossos ouvidos, convidando-nos à prática das virtudes
ativas, para o gozo das bem-aventuranças eternas!
O Espiritismo, filosofia, ciência, religião, independente de todo e
qualquer sectarismo, é a doutrina que melhor nos põe a par de todos esses
ditames, porque, ao lado dos salutares ensinos, faz realçar a sobrevivência
humana, base inamovível da crença real que aperfeiçoa, corrige e felicita!
Que os seus adeptos, compenetrados dos deveres que assumiram,
semelhantes ao Semeador, levem, a todos os lares, e plantem em todos os
corações, a Semente da fé que salva, erguendo bem alto essa Luz do
Evangelho, escondida sob o alqueire dos dogmas e dos falsos ensinos que
tanto têm prejudicado a Humanidade.

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