7 de maio de 2011

AS PARÁBOLAS E SUA INTERPRETAÇÃO



Na acepção geral do termo, parábola é uma narrativa que tem por fim
transmitir verdades indispensáveis de serem compreendidas.
As Parábolas dos Evangelhos são alegorias que contêm preceitos de
moral.
O emprego contínuo, que durante o seu ministério Jesus fez das
parábolas, tinha por fim esclarecer melhor seus ensinos, mediante
comparações do que pretendia dizer com o que ocorre na vida comum e
com os interesses terrenos. Sugeria, assim, o Mestre, figuras e quadros das
ocorrências cotidianas, para facilitar mais aos seus discípulos, por esse
método comparativo, a compreensão das coisas espirituais.
Aos que o ouviam ansiosamente, procurando compreender seus
discursos, a parábola tornava-se-lhes excelente meio elucidativo dos temas
e das dissertações do Grande Pregador.
Mas os que não buscavam na parábola a figura que compara, a
alegoria que representa a idéia espiritual, e se prendiam à forma,
desprezando o fundo, para estes a Doutrina nem sequer aparecia, mas
conservava-se oculta, como a noz dentro da casca.
Daí a resposta de Jesus aos discípulos que lhe inquiriram a razão de
Ele falar por parábolas: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do
Reino dos Céus, mas a eles não lhes é isso dado. Pois ao que tem, dar-selhe-
á e terá em abundância; mas ao que não tem; até aquilo que tem serlhe-
á tirado.”
“Por isso lhes falo por parábolas, porque vendo não vêem; e ouvindo
não ouvem, nem entendem. E neles se está cumprindo a profecia de Isaías,
que diz: Certamente ouvireis, e de nenhum modo entendereis. Porque o

coração deste povo se fez pesado, e os seus ouvidos se fizeram tardos, e
eles fecharam os olhos; para não suceder que vendo com os olhos e
ouvindo com os ouvidos, entendam no coração e se convertam e eu os
cure.”
Pelo trecho se observa claramente que os fariseus e a maioria dos
judeus, em ouvindo a exposição da parábola, só viam a figura alegórica
que lhes era mostrada, assim como, quem não quebra a noz, só lhe vê a
casca.
Ao passo que com seus discípulos não acontecia à mesma coisa; eles
viam e ouviam o ensino, o sentido espiritual que permanece para sempre;
não se prendiam à figura ou a palavra sonora, que se extingue desvanece.
De modo que os fariseus ouviam, mas não ouviam; viam, mas não
viam (*); porque uma coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do corpo,
outra coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do Espírito.
(*) Em outros termos: ouviam, mas não escutavam; viam, mas não enxergavam.
A condição que Jesus expõe, como sendo indispensável “para nos ser
dado e possuirmos em abundância” é como diz o texto, de “nós termos” —
Mas “termos” o quê? Certamente algum princípio doutrinário unido à boa
vontade para recebermos a Verdade — “Aquele que tem ser-lhe-á dado e
terá em abundância.”
E o obstáculo à recepção da sua Doutrina é o indivíduo “não ter” —
não ter a mais ligeira iniciação espiritual e não ter boa vontade para
receber a Nova da Salvação.
De modo que a Parábola Evangélica é uma instrução alegórica,
exposta sempre com um fim moral, como um meio fácil de fazer
compreender uma lição espiritual, pelo menos, a opinião do evangelista
Mateus quando diz: “Todas estas coisas falou Jesus ao povo em parábolas,
e nada lhes falava sem parábolas; para que se cumprisse o que foi dito pelo
profeta: Abrirei em Parábolas a minha boca, e publicarei coisas escondidas
desde a criação.” (Mateus, XIII, 34-35).

Finalmente, as Parábolas têm pouca importância para os que as tomam
como foram escritas; demais, o sentido nunca deve ser desnaturado ou
transviado, sob pena de prejudicar a Idéia Cristã. Por exemplo, ao que vê
na parábola do “tesouro escondido” um meio de enriquecer materialmente,
ou na parábola do “administrador infiel” uma lição de infidelidade, lhe
será preferível fechar os Evangelhos e continuar a tratar de seus negócios
materiais.
A inteligência dos Evangelhos explica perfeitamente a interpretação
espiritual que Jesus dá aos seus ensinos. Se os Evangelhos fossem um
amontoado de alegorias sem significação espiritual, nenhum valor teriam.

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